quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Nova crise ronda a Funcarte

"Enquanto a tua consciência te disser justo e verdadeiro, não temas o julgamento dos homens", disse Roberto Lima, citando o livro "Imitação de Cristo" escrito pelo monge alemão Tomás de Kempis no século XV e que traz máximas e conselhos do cristianismo. As palavras cheias de significado, ditas pelo presidente da Fundação Capitania das Artes na última segunda-feira (16), serviram como resposta ao questionamento sobre as informações extraoficiais que rondam a Fundação desde a semana passada sobre uma possível mudança no comando da instituição. Os rumores ganharam força durante a reunião do Carnaval, quando funcionários da própria Funcarte deram como certa sua saída.
Emanuel AmaralPresidente Roberto Lima  lamenta os rumores sobre  sua saídaPresidente Roberto Lima lamenta os rumores sobre sua saída

O gestor lembrou que essas especulações surgiram após o não pagamento de dois processos que julgou serem irregulares. "O que sei é que às vezes fazemos certas coisas que consideramos corretas e isso mexe com as pessoas", confessa, sem dar mais detalhes.

Oficialmente o gestor está em período de férias até o próximo dia 8 de fevereiro, semana que antecede o Carnaval, e é justamente essa ausência - durante um período costumeiramente atribulado na Capitania das Artes - que potencializa as especulações sobre a substituição.

A reportagem do VIVER conversou rapidamente com Roberto Lima, durante intervalo da reunião sobre o Carnaval. Tratando de uma lesão no joelho, o gestor abriu brecha nas férias para despachar com a equipe e acompanhar de perto o início dos preparativos para os festejos de Momo. Visivelmente abalado com os rumores sobre seu afastamento, Lima não confirma nada, também não nega, mas garante que ainda não recebeu nenhuma informação  oficial sobre o assunto.  

Os nomes mais citados para assumir a presidência, segundo informações de um funcionário que preferiu não se identificar, são Eugênio Bezerra, jornalista e cantor que atualmente responde como adjunto da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb); Racine Santos, dramaturgo; o jornalista Edson Soares, assessor técnico da Funcarte; e Rosy de Sousa, irmã da Prefeita Micarla de Sousa que semana passada foi exonerada do primeiro escalação municipal onde ocupava a Secretaria de Políticas para a Mulher.

"A vice-presidente da Funcarte, Camila Cascudo, substituta natural do posto, já disse que não tem interesse em assumir o cargo. Se aceitasse, Edson deveria ser o novo vice", garantiu o funcionário. "Mas a saída de Roberto Lima é certa. Acho isso muito injusto", lamenta.

Desde o início da gestão Micarla de Sousa, em 2009, a Fundação Capitania das Artes é alvo de constantes crises. O primeiro a cair foi o artista plástico César Revoredo, que este por dez meses à frente da instituição. Roberto Lima é o terceiro gestor. Ele assumiu a presidência da Funcarte em março do ano passado, após a saída do jornalista Rodrigues Neto, com a missão de equilibrar as contas e resolver pendências burocráticas da Fundação. Professor universitário aposentado e advogado com experiência em gestão pública, Lima também é escritor, cantor e compositor, contabiliza participações nos primeiros festivais de música realizados em Natal nos anos oitenta, e antes da pasta cultural foi titular da Secretaria de Gestão de Pessoas, Logística e Modernização Organizacional na atual administração municipal.